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Correio
As ossadas à beira da estrada talvez sejam a imagem mais simbólica da seca. Na região conhecida como Sertão de Canudos, avistamos dezenas delas. Mas, mesmo nesses cenários sombrios, havia vida. Curiosamente, alguma grama despontava entre os cemitérios da estiagem. A explicação? Simples. Tem chovido no sertão.
Há pelo menos três semanas, chove em cidades como Araci, Serrinha, Euclides da Cunha, Uauá, Jeremoabo, Queimadas, Cansanção, Monte Santo, Tucano e Canudos. As ossadas são velhas, do período em que a seca judiava mais. É verdade que se trata de uma chuva fina, insuficiente para encher os grandes açudes. Mas, mesmo em pouca quantidade, ela já transforma a paisagem e alimenta os bichos.
É bonito de ver a vegetação verdinha ressurgindo nas paragens. Plantar ainda é difícil. Mas gado mesmo não tem morrido mais nenhum por aquelas bandas. “Essa chuva de Inverno não junta água, não resolve o problema, mas ameniza muito. Só o fato de ter o que dar de comer e beber para os animais”, afirmou o prefeito de Canudos, Genário Rabelo.
Na localidade de Barriguda, distrito de Canudos, uma pequena represa nos fundos da casa de Maurício Pereira dos Santos, 71 anos, encheu alguns centímetros. O suficiente para matar a sede das quatro cabras que sobraram das 150 que seu Maurício, pai de 16 filhos, chegou a criar antes da estiagem. O capim renasceu. “Achei que já tinha morrido tudo, mas veio essa água boa aí e ele vingou”.
Com alguma comida, as cabeças de gado que não morreram começam a recuperar o vigor. Em algumas propriedades, principalmente aquelas com açudes, estão até gordinhas. Na zona rural de Euclides da Cunha, Teninho da Lima Santos, 31 anos, pastoreava oito ovelhas, feliz com a fartura de capim e a chuva. “Perdi 30 cabeças com a seca. Tomara a chuva firme. Duas semanas de sol volta tudo como estava”, disse Teninho.
Apostar em plantações traz o risco de perder tudo. Mas alguns agricultores são ousados, como José Dias, 67 anos. Debaixo da chuva fraquinha, resolveu plantar milho e sorgo em parte de um terreno que divide com outro proprietário, em Canudos. “Se essa chuva boa continuar, o pé de milho começa a aparecer em uma semana”, confia.
Ontem, não choveu na região. Mas, a partir de amanhã, o serviço Climatempo já prevê o aumento de nuvens e pancadas de chuva à tarde e à noite. Na quinta-feira, chove a qualquer hora no sertão. Agora é torcer para o tempo continuar assim. Aí sim o Açude do Cocorobó, que hoje está com 20% de sua capacidade e teve seu nível d’água rebaixado em 11 metros, pode voltar a “sangrar”. É como dizem os canudenses quando ele transborda.
“Para resolver o problema, só chuva de trovoada. Mas isso só vai acontecer, se acontecer, lá para novembro”, diz José Américo Amorim, 47 anos. Com as palmas e mandacarus florescendo, para o sertanejo resta fazer o mesmo que fazia com a seca braba. Rezar.
As ossadas à beira da estrada talvez sejam a imagem mais simbólica da seca. Na região conhecida como Sertão de Canudos, avistamos dezenas delas. Mas, mesmo nesses cenários sombrios, havia vida. Curiosamente, alguma grama despontava entre os cemitérios da estiagem. A explicação? Simples. Tem chovido no sertão.
Há pelo menos três semanas, chove em cidades como Araci, Serrinha, Euclides da Cunha, Uauá, Jeremoabo, Queimadas, Cansanção, Monte Santo, Tucano e Canudos. As ossadas são velhas, do período em que a seca judiava mais. É verdade que se trata de uma chuva fina, insuficiente para encher os grandes açudes. Mas, mesmo em pouca quantidade, ela já transforma a paisagem e alimenta os bichos.
É bonito de ver a vegetação verdinha ressurgindo nas paragens. Plantar ainda é difícil. Mas gado mesmo não tem morrido mais nenhum por aquelas bandas. “Essa chuva de Inverno não junta água, não resolve o problema, mas ameniza muito. Só o fato de ter o que dar de comer e beber para os animais”, afirmou o prefeito de Canudos, Genário Rabelo.
Na localidade de Barriguda, distrito de Canudos, uma pequena represa nos fundos da casa de Maurício Pereira dos Santos, 71 anos, encheu alguns centímetros. O suficiente para matar a sede das quatro cabras que sobraram das 150 que seu Maurício, pai de 16 filhos, chegou a criar antes da estiagem. O capim renasceu. “Achei que já tinha morrido tudo, mas veio essa água boa aí e ele vingou”.
Com alguma comida, as cabeças de gado que não morreram começam a recuperar o vigor. Em algumas propriedades, principalmente aquelas com açudes, estão até gordinhas. Na zona rural de Euclides da Cunha, Teninho da Lima Santos, 31 anos, pastoreava oito ovelhas, feliz com a fartura de capim e a chuva. “Perdi 30 cabeças com a seca. Tomara a chuva firme. Duas semanas de sol volta tudo como estava”, disse Teninho.
Apostar em plantações traz o risco de perder tudo. Mas alguns agricultores são ousados, como José Dias, 67 anos. Debaixo da chuva fraquinha, resolveu plantar milho e sorgo em parte de um terreno que divide com outro proprietário, em Canudos. “Se essa chuva boa continuar, o pé de milho começa a aparecer em uma semana”, confia.
Ontem, não choveu na região. Mas, a partir de amanhã, o serviço Climatempo já prevê o aumento de nuvens e pancadas de chuva à tarde e à noite. Na quinta-feira, chove a qualquer hora no sertão. Agora é torcer para o tempo continuar assim. Aí sim o Açude do Cocorobó, que hoje está com 20% de sua capacidade e teve seu nível d’água rebaixado em 11 metros, pode voltar a “sangrar”. É como dizem os canudenses quando ele transborda.
“Para resolver o problema, só chuva de trovoada. Mas isso só vai acontecer, se acontecer, lá para novembro”, diz José Américo Amorim, 47 anos. Com as palmas e mandacarus florescendo, para o sertanejo resta fazer o mesmo que fazia com a seca braba. Rezar.
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