sábado, 9 de fevereiro de 2013

Caldeirão, 18 anos de muita fubá, mugunzá e farelo




Moinho de Milho de Caldeirão
Subprodutos do milho produzindo no Caldeirão
Uma comunidade situada nas areias brancas do raso, típico terreno de fartas colheitas, principalmente do milho, grão tão consumido pela população que hoje é ingrediente principal em várias receitas das mais simples as mais sofisticadas. Assim, a comunidade Caldeirão – zona rural de Araci, como qualquer outra, plantava e colhia o milho apenas para o consumo do grão bruto. Centenas de sacas eram vendidas a “preço de banana” na feira livre de Araci, mas os tempos mudaram, as chuvas ficaram escassas e as colheitas mais incertas. Era chegada a hora de aproveitar grão a grão do pouco milho que a terra arada brotava. O mesmo milho que era levado pelos compradores voltava em forma de derivados. E porque não produzir os derivados do milho na própria roça?
Foi aí que em 1995, a associação de moradores da comunidade Caldeirão teve a ideia de buscar junto ao Governo do Estado e a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR um projeto que viabilizasse o processamento do milho na própria comunidade. O projeto foi aceito e em poucos meses uma estrutura foi montada. Uma casa foi construída e duas máquina – uma Canjiqueira e um triturador com ralos específicos foram instalados – estava montada a pequena fábrica de derivados de milho da Comunidade de Caldeirão.
Maquinário da casa da Fubá em Caldeirão
As duas máquinas funcionam há 18 anos.

Hoje após 18 anos, o ritmo de produção caiu por questões da falta do grão, falta de mercado para os subprodutos do milho e também pela falta de incentivo do poder público. “Já vendemos para a prefeitura de Araci na gestão do ex-prefeito Zé da Fó e da ex-prefeita Nenca (…). Nós vendíamos fubás e o mugunzá para a merenda escolar” – conta o associado e funcionário do moinho Elielson Carvalho – que mostrou com orgulho toda fábrica para a reportagem do JFM. Elielson espera que o Prefeito Silva Neto também faça o mesmo que os dois ex-gestores fizeram.
A pequena fábrica tem capacidade de produzir 400 quilos de fubá por dia, mas ultimamente trabalha poucas horas apenas para produzir a fubá, o mungunzá e o farelo que a própria comunidade consome. A renda que entra é apenas para manutenção dos equipamentos e o pagamento das diárias do funcionário.

Casa da Fubá em Caldeirão
O funcionário Elielson
mostra o farelo de milho
 produzido no processamento
da fubá.
Alguns moradores utilizam o velho método da troca. Leva certa quantia de milho para trocar com a fubá já processada, ou então, leva o saco de milho e paga apenas pelo processo de fabricação.
Calculando por alto, Elielson nos contou que a média de lucro por saca de milho processada é de apenas R$ 8, valor que depositado na conta de receitas da associação. De cada saca é produzido em média 38 quilos de fubá e 18 de farelo – um subproduto disputado pelos moradores para ser usando na ração dos animais, principalmente nos períodos de estiagem.
Há 18 anos de muita fubá, mungunzá e farelo, a pequena fabrica do Caldeirão precisa de incentivo e apoio das entidades representantes da classe dos trabalhadores rurais. Ou será mais um projeto que deu certo indo de mal a pior!












Da Redação
Fonte: Portalfolha Por: Do Karmo Carvalho

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